Bruxelas diz que Portugal ainda tem “potencial considerável” nas exportações

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A Comissão Europeia defende que Portugal deve continuar a apostar nas exportações para estimular o seu crescimento económico.

Portugal deve basear o seu crescimento económico na capacidade para exportar bens e serviços com elevado valor acrescentado, recomenda um relatório publicado hoje pela Comissão Europeia sobre a competitividade da indústria europeia, que reconhece progressos neste domínio. As conclusões do Executivo comunitário surgem numa altura em que a troika se encontra em Portugal para a oitava e nova avaliação do programa de assistência financeira e económica e Portugal.

Neste exame regular, o presidente da CIP, António Saraiva, já defendeu que Portugal deverá realçar que os resultados começam a ser demonstrados – a par do crescimento da economia no segundo trimestre do ano, após 10 trimestres de contracção – e que os esforços que têm sido feitos devem ser recompensados.

Segundo o relatório anual de 2013 sobre o desempenho da competitividade e política industrial dos Estados-membros e da União Europeia no seu conjunto, Portugal continuou em 2012 a meio da tabela, no grupo dos países com performances “moderadas”.

O desempenho das exportações em Portugal “foi significativo e manteve a tendência ascendente dos anos anteriores” e “as exportações tornaram-se mais diversificadas e com mais mercados-alvo”.

No entanto, o documento da direcção geral de Empresas e Indústria do Executivo comunitário assinala que, apesar dos progressos alcançados e de já ter aumentado a sua ‘quota’ no total das exportações da UE, Portugal é um dos países com “potencial considerável” para tirar ainda mais partido do comércio internacional.

A este respeito, António Saraiva, da CIP, tem elogiado os empresários ao considerar que “as exportações são prova da resiliência das nossas empresas e mostram que, apesar do enquadramento desfavorável, de termos seguros de crédito à exportação com problemas, financiamento a crédito com vários problemas, os nossos empresários conseguiram”.

Actualmente 50% das exportações portuguesas destinam-se à União Europeia, mas, segundo o presidente da CIP, os empresários conseguiram também entrar em novos mercados, nomeadamente mercados emergentes, realçando que “a resiliência dos empresários é notável”.

Apontando que “o maior desafio de Portugal é restaurar a competitividade da sua economia após uma década de baixo crescimento da produtividade e de endividamento crescente”, o relatório da Comissão Europeia defende que “no futuro, o crescimento económico deve basear-se na capacidade para exportar bens e serviços com elevado valor acrescentado, bem como na capacidade para atrair o investimento estrangeiro”.

Segundo a Comissão, o Governo já está a “relançar a economia com vista ao crescimento baseado nas exportações, colocando as empresas exportadoras no centro das suas iniciativas estratégicas em vários domínios, tais como a inovação, os transportes ou o acesso ao financiamento”. Relativamente a este último ponto, o relatório adverte que “a falta de acesso ao financiamento constitui um factor importante que limita a actividade e o crescimento das pequenas e médias empresas”, que estão “em desvantagem devido aos diferenciais de taxa de juro, em comparação com muitos outros Estados-membros”, mas também assinala que o Governo já está “a tentar reduzir essas restrições ao crédito”, tendo também alcançado “progressos significativos” no domínio do licenciamento de empresas, já “bastante mais fácil do que na maioria” dos países da UE.

O relatório conclui ainda que “Portugal adoptou também medidas destinadas a aumentar a qualidade da investigação e a criação de conhecimento”, mas “existe ainda um fosso significativo entre a criação e a transferência de conhecimento e a sua transformação em valores económicos através da inovação, o que se deve parcialmente à reduzida percentagem na economia de sectores com forte intensidade de investigação”.

Problemas persistem na UE

Em termos gerais, no conjunto da União, o relatório destaca que, embora se tenha assistido a uma “estabilização do desempenho industrial, a parte da indústria no PIB da Europa passou dos 15,5% registados há um ano para 15,1% no Verão de 2013”, salientando que os Estados-membros obtiveram progressos no que respeita à melhoria da envolvente empresarial, às exportações e à sustentabilidade, mas advertindo que “são muitos os problemas que persistem”.

Segundo Bruxelas, o processo de convergência entre os países mais competitivos em termos de indústria e aqueles com desempenhos menos positivos está estagnado, o aumento do custo da energia na maioria dos Estados-Membros contribui para a desindustrialização da Europa, e o acesso ao financiamento e a queda do investimento em quase todos os Estados-Membros constituem igualmente importantes obstáculos. Para que a indústria europeia possa renascer, há que melhorar significativamente o desempenho da administração pública, bem como a ligação entre o mundo do ensino e a esfera empresarial, sendo ainda necessários mais esforços para estimular uma inovação próxima do mercado, sustenta a Comissão.

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